Os diagnósticos de diabetes mellitus tipo 2 (DMT2) são cada vez mais frequentes, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a considerar que esta doença assume já contornos de pandemia. A verdade é que em Portugal, de acordo com dados do Observatório Nacional da Diabetes, regista-se uma taxa de prevalência da doença de 13,3% – uma das mais elevadas da Europa –, o que significa que mais de um milhão de portugueses entre os 20 e os 79 anos de idade têm diabetes. E o problema é que as previsões para o futuro não são muito animadoras. Segundo a OMS, os níveis elevados de matam anualmente, em todo o mundo, 3,4 milhões de pessoas, estimando-se que este valor duplique até 2030. A 14 de novembro assinala-se o Dia Mundial da Diabetes, com o objetivo de aumentar a informação e a sensibilização sobre esta doença.
São três os sintomas que podem levar à suspeita de DMT2:
Além disto, podem verificar-se infeções geniturinárias e algumas alterações da pele e da visão. Perante estes sintomas, o médico solicitará a realização de algumas análises relativas aos níveis de açúcar no sangue, nomeadamente, em jejum; depois de uma sobrecarga de açúcar (para conhecer como reage o pâncreas depois das refeições) e procurará saber, se possível, a média das glicemias nos dois a três meses anteriores.
Dúvida:
Tenho receio de vir a ter complicações nos olhos e rins ou de vir a sofrer uma amputação.
Resposta:
A probabilidade de aparecimento de complicações nos olhos, rins e membros inferiores aumenta com a elevação dos níveis de açúcar no sangue.
Se mantiver os níveis de glicemia adequados e fizer rastreios regulares da retina e da saúde dos pés, há maiores probabilidades de evitar estas complicações.
O que é que posso comer? Será que tenho de deixar de comer tudo aquilo de que gosto?
As alterações a fazer na alimentação são as consideradas saudáveis para toda a gente e não apenas para quem tem diabetes. É importante que a pessoa compreenda que esta é uma oportunidade para mudar para melhor, para passar a fazer escolhas mais equilibradas e que lhe vão trazer mais qualidade de vida a todos os níveis.
Tenho receio de ter de vir a ser medicado com insulina.
Ao contrário do que era feito no passado, hoje a insulina não é uma terapêutica de “fim de linha”. Essa prática – a de só receitar insulina quando todas as estratégias terapêuticas falharam antes – está hoje ultrapassada. Pelo contrário, quando indicada, a insulina permite controlar melhor e mais facilmente a glicemia, aumentando o bem-estar físico do doente. Atualmente, os dispositivos de administração de insulina disponíveis no mercado são simples e minimamente dolorosos, sendo que os esquemas terapêuticos com insulina são muito diversificados.
Sinto desconforto por ter de avaliar diariamente a glicemia.
É importante fazer a autoavaliação regular, porque esta é a maneira mais eficaz de ajudar na tomada de decisão relativamente ao tratamento da diabetes. Se esta automonitorização não for realizada não há informação para saber como ajustar a medicação. Ainda assim, a autoavaliação deve ser adaptada às necessidades de cada pessoa, sendo que existem alternativas disponíveis que permitem reduzir o desconforto da picada.
Tenho medo de transmitir a doença.
A transmissão da DMT2 não é controlável, mas todas as medidas que permitam a adoção de estilos de vida em família mais saudáveis ajudam a evitar a diabetes.
Perante a dúvida, também muito frequente, relacionada com o tipo de mudanças que devem ser introduzidas de imediato, Teresa Laginha destaca “as que vão no sentido do emagrecimento, caso a pessoa tenha excesso de peso”. Ao mesmo tempo, refere que “é importante que a pessoa altere hábitos alimentares prejudiciais, contrarie o sedentarismo e evite o tabagismo”.
Além das alterações comportamentais, a especialista reconhece que “aumentar os conhecimentos sobre a doença e trocar informações com outras pessoas com a mesma condição” são fatores que ajudam a superar o embate de se saber que se tem uma doença crónica como a diabetes.